terça-feira, maio 27, 2008

Depois de algum tempo...

...uma mudança: o meu foco atual está sendo em escrever para o site da boutique criativa que abri com mais dois sócios, a Storytellers. É uma agência com foco em colocar um pouco mais de história na vida do marketing.

Quem quiser conhecer o projeto é só entrar em storieswelike.blogspot.com

quinta-feira, novembro 29, 2007

Este blog vai mudar

Depois de algum tempo de indas e vindas e alguma experimentações, o Aumenta Um Ponto vai mudar sua linha editorial.

Em breve, apenas histórias reais - e algumas poucas fictícias - serão contadas aqui. Sem moral no final. Apenas pela simples função de entreter, informar e inspirar, presente em uma narrativa.

Outro blog será criado - The Power Of Stories - em que serão apresentadas e discutidas dicas e técnicas sobre como escrever histórias e aplicá-las a diversas situações.

Até mais,
Palacios

terça-feira, setembro 25, 2007

Bruno Divetta

Pra quem não ouviu falar, Bruno Divetta é um novo murmurinho no YouTube. Ex-modelo, ele diz que vive da propaganda há 7 anos, sendo os últimos 5 em criação.

Muitos têm comentado sobre ele. Afinal, do que se trataria esse vídeo?

Pra mim só há 3 possibilidades aceitáveis:

1. a teoria da Robi de que ele é um sem-noção que fez um vídeo VPP. O que realmente é possível, até porque eu conheço gente que faria esse tipo de coisa e ainda por cima acharia o máximo, que está revolucionando e tudo mais. Nesse caso, não seria o primeiro CV audiovisualviral. Alguém aqui lembra do francês que cantava uma paródia de música enquanto falava sobre si ou do canadense programador de flash cujo cabelo crescia conforme ele falava de seus skills e, afo final, espirrava e o cabelo voltava ao normal?

2. a teoria de que se trata de um pequeno empresário ególatra dono uma agência pequena, que em parceria com um amigo, resolveu, de fato, criar um novo produto (que, na verdade, seria um serviço) e está divulgando ele próprio como "sampling". Além de não ser algo tão original, é muito feio ele ficar falando em nome próprio quando existe toda uma estrutura contratada e treinada por ele que sequer é citada nos créditos.

3. a teoria de que se trata de um vídeo criativo para divulgar uma série youtubiana - nos moldes de lonelygirl15 - em que os "clientes" são os personagens e ele seria o protagonista. O único problema, nesse caso, é que a construção da personagem foi feita por alguém de fora da área ou de muito dentro dela. Porque só alguém de fora pra achar que uma só pessoa pode ser ao mesmo tempo diretor/dono de agência, atendimento, planejamento de branding, planejamento de promoção, designer, diretor de arte de propaganda. Ou só alguém muito de dentro pra entender tudo isso e querer condensar em um único personagem faz-tudo. Não que não exista gente assim, mas gente assim jamais seria boa o suficiente para protagonizar uma história. Um protagonista mediano em muita coisa gera uma história medíocre. Ele precisaria ter algo muito bom, algo em que ele se destacasse, em que ele fosse um grande expert... Mas se nem no vídeo-CV isso fica claro, quem dirá na série inteira. E, se a idéia for "inovação", vale o comentário do item 1.

Ná curiosidade, não tentem desvendar mandando e-mail para ele. Apesar de multi-task, já sabemos de algo que o Bruno certamente não é: redator.

quarta-feira, setembro 05, 2007

Começou a Revolução...





Muita gente achou estranho os latidos e uivos que cortaram o silêncio de uma certa madrugada, não muito tempo atrás.

Tratava-se de uma espécie de teleconferência. Uma discussão muito importante. Afinal, era a decisão de - num gesto traiçoeiro - deixar de ser o grande aliado, melhor amigo, e passar a ser o pior dos pesadelos.

À frente da revolução estavam os pitbulls. Eles achavam que já era hora de tomar o lugar na cadeia alimentar, de não depender de porções contadas de ração dura e sem gosto. "Tá tudo errado. Submissão não combina com a gente. É preciso pelo menos 3 deles pra bater um de nós." Os rottweillers, dobermans e staffordshire terrier foram na onda. Os vira-latas se alistaram prontamente, afinal, melhor do que virar sabão.

Na outra ponta, os Dog Alemães juntamente com os Golden Retrievers ergueram a bandeira oposta. O argumento era simples "eles sempre nos deram tudo: casinha, ração e roupinha no frio. Eu não sou um traidor. Eu sou fiel, eu me orgulho de ser cachorro!". Os filas, pastores-alemães e dálmatas ficaram divididos.

"Muito bem" bradaram os revoltosos. "Nós vamos tocar o plano. Quem for contra nós, será tratado como humano."

A briga quase começou ali, mas estavam todos presos.

Já os poodles, como sempre, fizeram muito barulho. Barulho pra nada, porque ninguém levou muito em conta o que eles disseram...


Foto> http://www.flickr.com/photos/gthang1983/25843636/

terça-feira, agosto 21, 2007

Emprestado

Eles são duas pessoas que dividem algo. Poderia ser o estilo de personalidade, que inclusive é bastante semelhante, mas não é disso que estou falando. Também não é uma casa ou qualquer outro tipo de propriedade material. Da mesma forma que não é uma relação sanguínea.

Ele é o que muitos chamam de “o cara”, daqueles que alguns temem, outros admiram e que ninguém consegue ficar indiferente. Não é exatamente um exemplo de beleza, mas conquista com sua inteligência. Sempre foi assim, desde menino.

Ela, assim como Clarice, domina o mundo por meio de palavras. Sua marca registrada é um humor ácido, que do mesmo jeito que faz alguns sorrirem, faz outros queimarem e ninguém consegue ficar indiferente.

Eles dividem mesmo é uma relação de afeto. É o sangue que faz bater mais rápido o coração toda vez em que se encontram. Contudo, vejam vocês, isso aqui não é uma história de amor, quiçá uma comédia romântica.

Ele começou do nada, sem contatos, sem dinheiro, sem influência. Hoje é um empresário que está feliz já que seu império está ainda maior.

Ela é dona de um encanto

Eles, contudo, quase nunca se encontram realmente, de fato, ao vivo. Ela a conheceu por sua reputação, afinal, ele é o fodão da história. Ela mandou um e-mail, que ele respondeu. E foi daí que tudo se deu.

Ele é casado. É mais um que entrou nessa instituição burguesa e falida. Deste erro, que ele se arrepende, os únicos acertos foram os filhos. Por eles, e apenas eles, ele continua neste único investimento que não lhe rende lucros.

Ela é calejada. Entrou nos maiores tipos de roubada que uma mulher pode conhecer. Chegou inclusive a dizer que havia cansado desta brincadeira. Mas a vida, esta criança, continuava a pregar peças no caminho.

Eles, em meio a tantos desencontros com a vida e encontros virtuais e à distância, um dia finalmente encontrarem-se de corpo e alma. Uma noite em que um realizou todos os sonhos do outro. E vice-versa. Não deveria nunca acabar, mas como não poderia deixar de ser, a noite acabou...

Ele ficou abalado. Ela ficou esperançosa. Ele começou a fugir. Ela correu um pouco atrás. Ele também era perseguido pela culpa da primeira e única traição da vida. Ela era motivada pela vontade de mudar seu histórico e sua história.

Eles esfriaram. Depois disso voltaram aos desencontros da vida. Um ano se passou.

Ele um dia a convidou para conhecer a mais nova investida do império.

Ela foi. Viu. Mas, antes de partir, ela deixou com ele uma carta. O plano, inclusive, era esse. A visita era o pretexto. Diferente da esmagadora maioria das outras mulheres, ela não estava nem um pouco interessada em seu império. Apenas pediu para que ele a esperasse partir, pois não queria estar lá quando ele começasse a ler. Eis que ela abriu mão do seu humor e revelou uma parte que talvez ela própria desconhecesse:

“Que saco! que saco! que saco! Como pode duas pessoas se darem tão bem e não poderem ou conseguirem ficar juntas? Isso é muita sacanagem, tá sabendo? Eu sei que você nunca me prometeu nada, inclusive você deixava bem claro que justamente não queria se comprometer. Mas a comunicação entre os humanos é muito mais complicada do que os livros ensinam. Às vezes um amontoado de centenas de palavras, repetidas inclusive, não vence um simples gesto. Às vezes perde até para aquelas pouquíssimas palavras que ficaram ocultas, não-ditas, pelo medo das repercussões que poderiam causar. É estranho termos nos encontrado tão poucas vezes e ainda assim eu sentir o que sinto. Neste exato momento, o que eu sinto é inconformismo. Por que alguém que constrói um império com as próprias mãos não pode desconstruir uma estrutura nitidamente falida para construir outra muito melhor por cima? Afinal, este terreno chamado coração não funciona como os que a gente está acostumado a construir. Não dá pra você comprar um pouco de outra pessoa pra construir uma edificação sua. O coração, na nossa sociedade, é o que há de mais próximo do socialismo. Cada um tem o seu. Talvez fosse mais fácil se você fosse um sheik, mas não sei se eu me daria bem como odalisca. Talvez eu devesse ter te conhecido mais cedo, chegado antes, e edificado primeiro. Mas como isso não aconteceu, acabamos nós dois por edificarmos aqui, no meu coração. E é por isso que neste exato momento eu gostaria de lhe informar que no terreno do meu coração iniciou-se uma grande demolição. Você foi desapropriado. Tudo aquilo que construímos juntos, inicia-se a virar ruínas. De preferência, que não sobre um tijolo sequer. Se não posso ter tudo, então prefiro não ficar com sequer uma lembrança. A cada parede que cai, uma lágrima que escorre. A cada estrutura que explode, parte do terreno se implode e ficará danificado e perdido para sempre. Há os que acreditam que a dor é necessária para a purificação, mas eu particularmente ficaria muito bem sem ela. Até porque é uma dor que eu já conheci muitas vezes, mas nenhuma com essas proporções. Porque o que mais dói não é o que está sendo destruído, mas os projetos que sequer levantaram. É tudo aquilo que poderíamos ter sido. Tampa e panela que fechavam tão bem, que praticamente poderiam ser de pressão, o que seria bastante apropriado haja vista a intensidade com que tudo acontecia. E eu vou fazer o que estiver ao meu alcance para que este meu coração não vire um cemitério habitado por fantasmas, sobretudo os da realidade do nosso único confronto. Mas apesar dos meus hercúleos esforços, não garanto que evite de criar uma wasteland, um local abandonado, frio, vazio, livre de fantasmas, mas também de sementes. Ao final de todo esse processo não terei mais lágrimas, mas será que voltarei a ter sorrisos? Plantar eu vou tentar. Vou escolher algo na minha vida para mudar completamente. Talvez o endereço, talvez o hábito alimentar. Seja o que for, a idéia é me manter a empreiteira chamada mente o mais ocupada quanto possível. Assim, talvez, quem sabe eu não consiga fazer alguma coisa florecer. E agora só me resta pegar emprestada a genialidade do Adoniran, de quem você gosta tanto, e dizer “Adeus. Desse dia de hoje eu não vou querer me alembrar, tão vindo os home c’as ferramenta, que o dono mandou derrubar... E agora eu só quero gritar, mas Deus dá o frio conforme o cobertor. E com licença porque agora vou pro meio da rua apreciar a demolição...”

***

Créditos: A foto eu peguei emprestado de http://www.flickr.com/photos/rachelk/495702941/

segunda-feira, agosto 20, 2007

Insanidade



Insanidade talvez seja colocar na água dez malucos - 5 de cada lado - todos dentro de caiaques e portando remos, em busca de acertar uma bola numa gol elevado 2 metros acima do nível da água.

Insanidade, quem sabe, é um juiz discutir com o jogador e acabar dando piti, jogar o apita na água, dar as costas, sair andando e desistir de apitar a partida.

Insanidade também poderia ser um time campeão brasileiro composto por ex-integrantes do vice, todos que saíram por serem briguentos, que se auto-intitulam "Renegados" e que cujo grito de guerra é "amizade e união, renegados em ação".

Insanidade, por que não, é um time ser composto por atletas afastados há pelo menos 4 anos das piscinas (no caso de alguns, de qualquer esporte), por sorte formarem um time mistão e acabarem em terceiro lugar da categoria "iniciantes".

Mas a melhor definição de insanidade continua sendo "tentar resultados diferentes fazendo sempre a mesma coisa". Moral da história, que nem é bem uma história, é entrar em contato com esse esporte insano chamado de caiaque-pólo e fazer alguma coisa de diferente de tudo o que você já praticou...

Foto: minha mesmo, do atleta Ciro do Iate Clube de Londrina, que sequer foi citado no post, mas que eu achei legal então foi ela mesmo... Essa e outras do mesmo campeonato podem ser encontradas em http://www.flickr.com/photos/palacios/

segunda-feira, julho 16, 2007

CAMPANHA RELAXA E POSTA



Eu aderi à campanha proposta pelo nosso grande amigo Bruno Scartozzoni.

Só pra lembrar que internet (quando livre) é a maior e mais poderosa representante da liberdade de expressão...

De que adianta o presidente mandar proibir/censurar um anúncio (sendo que parece que ele foi o único cidadão a não gostar, já que o Conar não foi acionado por ninguém), se em seguida ele está na internet?

Pra quem não viu, tá aí:

http://www.youtube.com/watch?v=MWx2wG5TMDI

terça-feira, julho 03, 2007

Planejamento 4 every1

Vou vender meu peixe.

Não sou pescador, mas tenho certeza de que planejamento é fundamental até para quem trabalhar com varas e redes... Mas não vou falar deles, pescadores. Vou ilustrar, como de costume, com taxistas.

Dia desses peguei um taxi. O condutor, muito simpático, com cara de ter seus vinte e poucos anos. Daqueles que puxa assunto. Comprou o taxi para ter mais flexibilidade e ganhar algum dinheiro enquanto ainda é estagiário, numa firma de direito.

Mas o que eu achei mais interessante - sem sombra de dúvidas - foi o fato de que diferente da maioria, ele não é daqueles que reclama quando chegam as férias. Ele tem um ponto bom, mas é muito residencial. Contudo, quando chegam as férias, já que o movimento tá baixo, ele "muda de ramo" e faz viagens na região do Jabaquara para o litoral sul. Ele cobra um valor que sai mais barato do que as 4 passagens de ônibus. Chega a parecer óbvio, mas foi o primeiro taxista a se programar dessa forma. Esperto o rapaz, já juntou uma grana.

Diz ele que estava no último ano quando tranco. E que agora vai destrancar. Olha aí, exatamente no mesmo dia em que eu mesmo destranquei a minha. Pra ele faltou dinheiro pra pagar a última mensalidade. Pra mim faltou tempo pra fazer o TCC. Agora ele tem o tempo e eu só preciso de um orientador.

domingo, junho 10, 2007

The World is Lost?



Durante muito tempo eu ouvi todo o mundo falando em Lost. Pra cá e pra lá, tudo era Lost.

Mas eu estava resoluto, não iria assistir nada antes de terminar a série. Sim, primeiro porque se todo o mundo comentasse que o final foi uma porcaria, talvez não valesse a pena gastar as muitas horas em claro. Segundo porque se todo o mundo falasse bem, daria pra assistir tudo de uma vez, bastaria comprar os DVDs.

Tão misterioscamente quanto à ilha, ganhei a primeira temporada de aniversário. Devorada em menos de uma semana, comprei a segunda no submarino (porque não tinha na fnac). Chegou hoje e quatro episódios já foram assistidos.

Mesmo com o ritmo frenético, sei que estou bem atrás de todo o mundo. E assim como todo o mundo tempos atrás, estou fazendo pesquisas e descobrindo coisas "ocultas". Mas de tudo o que eu descobri, o que mais me surpreendeu não aconteceu na ilha ou com os integrantes do vôo 815... Aconteceu com a pessoa que descobriu o Lost!

Todo o mundo sabe (ou deveria saber) que ousadia e a inovação têm um preço. Todo o mundo sabe como os gênios são incompreendidos. Que pessoas erradas muitas vezes ocupam cargos errados e isso explica o nível atual dos programas televisivos, dos comerciais, da arte e da cultura.

O que nem todo o mundo deve saber é que o CEO da ABC, que "descobriu" o Lost e insistiu que ele fosse feito, que lutou pelo que ele achou que tinha os ingredientes para ser o "the next best thing", acabou sendo demitido justamente por ter feito isso... Antes mesmo da veiculação do episódio piloto.

"É perda de tempo, isso não tem a menor chance de dar certo" foi o que supostamente disse o chairman da Disney na ocasião. Não poderia estar mais errado. Maior sucesso de audiência e premiação do milênio. Um dos melhores storylines que eu já vi, com muitos personagens protagonistas, mas nenhum principal e insubstituível. Muitos mistérios. Muitos detalhes. Mas nada passa em branco ou fica sem resposta. Eletrizante, viciante. Mas não para o chairman da Disney e companhia. Se dependesse deles, Lost teria ficado perdido em uma gaveta.

Esse tipo de coisa é o que causa a falta de criatividade e ousadia? Ou seria a falta de atitude para mostrar visão e genialidade deixe tudo com cara de "mais ou menos"? Seja como for, acredito que estamos todos Lost.

segunda-feira, maio 28, 2007

R$20 bem gastos


Liberdade.

Não o grito, o bairro.

Foi lá que aconteceu.

Cerca de um mês atrás. Um pouco mais, na verdade. Mas, de verdade, Não importa.

Eu estava na festa de uma grande amiga. O carro estava no estacionamento. Custava R$ 10. Na minha carteira, um puto sequer. Eu só tinha cartão e cheque. Lá não aceitava nem um, nem outro. Nenhum.

Calculei o horário. Negociei com o caixa. Passei R$ 13,50 no débito. Paguei os R$ 3,50 da coca e ele me deu uma nota. Não foi fácil. Afinal, que caixa quer ajudar quem consumiu pouco?

Foi tão difícil quanto demorado. O estacionamento fechou. Provavelmente 2AM em ponto. Resultado de 10 minutos de negociação.

O jeito é tomar um taxi. Mais fácil que voltar lá para pegar carona. Os demais carros estavam em outro estacionamento, não precisavam sair cedo. E eu teria que voltar. Se fosse pra enrolar, esperaria abrir de novo. Voltava com o meu. Nah, não valia a pena. Ainda tinha um projeto pra entregar, um prazo pra cumprir, uma apresentação a fazer.

Um ponto de taxi. Três opções de escolha. Naquelas. Tem uma fila, uma ordem.

Então lá fui eu ao primeiro. Entrei. "Pra onde?" "Jardins".

"Não aceitamos cheque" dizia o adesivo. Suponho que cartão, idem. R$ 10 não são suficientes de um ponto a outro. Precisaria do dobro disso.

"Mas antes, temos que passar num posto ou num supermercado 24h..."

"Esquece, pode sair"

"??!?"

"Conheço esse papo. Depois tá fechado ou sem sistema e o problema é meu."

"Então não vai me levar, é isso?"

"Não."

"Mas eu sempre faço isso... Sei onde está aberto e nunca falha..."

"Se quiser, fala isso pros outros dois aí..."

Um diálogo semelhante se repetiu duas vezes.

"Vocês vão se arrepender." Disse como se para ver se algum se arrependia na hora e mudava de idéia. Nada.

Não demorou 20 segundos e passou um taxi de rua. Dei sinal. Entrei. Na frente deles. Ele achou estranho.

"Ué, por que não pegou do ponto?"

"Sabe o que é, vocês não aceitam cheque nem cartão e eu estou sem dinheiro. Preciso sacar. Eles não querem. Eu sempre faço isso..."

"Mas onde você saca normalmente?"

"No posto. José Maria Lisboa com Nove de Julho."

"Tô ligado. Vamos pra lá. Esses caras aí não sabem ganhar dinheiro. Vida de ponto é fácil."

Expressão perfeita. Vida fácil de quem trabalha no ponto. Putos!

A corrida ia dar aquilo mesmo, R$ 20. Saquei R$ 40.

"Brother, por você ter confiado, tá aqui... O dobro!"

"!!?!? Tem certeza??"

"Claro! Você foi legal. Inclusive amanhã passa lá e tira um sarro deles."

"Eu vou é agora! Pega aqui o meu celular e me liga em 15"

"Você falou, eu liguei. E aí?"

"To chegando AGORA! Saca só.....

... EI! Vocês que não levaram o cara agora há pouco?"

vozes de fundo

"Pois não só ele pagou, como pagou o dobro. Aeee, seus trouxas, acabei de tomar R$ 40 de vocês, otários..."

gritos de fundo

motor acelerando

"hehe"

Moral da história: quando prometer que alguém vai se arrepender, cumpra a palavra.

Foto: http://www.flickr.com/photos/manganite/144563774/

segunda-feira, maio 21, 2007

Onzimeis

Quase meio ano sem postar. Apesar de fazer tempo que eu não tomava um taxi, certamente não seria falta de assunto. Mas muito certamente havia aí uma completa falta de inspiração.

Muita coisa aconteceu desse começo de ano até agora. Já dava pra ter preenchido uns 3 anos "comum" inteiros.

Mas eis que tomei um taxi na semana passada e o motorista disse algo interessante e fiquei com vontade de escrever. Além disso, muita gente comentou que eu deveria voltar a escrever. Então tá aí.


"Tá vendo essa igreja (e apontou para a igreja que fica ali perto da nove de julho com a são gabriel)? Conheço um camarada que casou aqui. Belo casamento. Tudo do bom e do melhor."

Eu que não sou grande fã de igrejas e estava bem doente, nem comentei nada.

Ele não se intimidou e continuou "pois o casamento acabou. Durou "onzimeis". Nem um ano. Com o que eles gastaram nessa festa, teriam se divertido muito mais."

Nessa hora eu concordei, afinal, isso vai bem ao encontro do que eu costumo pensar. Não que as pessoas não devessem casar, até porque toda a cerimônia é revestida por um significado maior para elas. Mas isso quando é algo realmente pensado e com um significado maior do que a igreja em si. Então eu perguntei "mas por que não deu certo?" E a resposta:

"Coitado. Ela "galhou" ele."

Ou seja, em algum momento do processo alguém errou. Talvez os dois. E isso é mais do que comum, afinal, as pessoas enganam e se enganam.

O primeiro erro é não saber qual é o objetivo de um relacionamento. Para saber qual que é, o jeito mais fácil é ver o que se pode conseguir sem ele e ver o que falta. Estando solteiro você tem liberdade (não precisa se preocupar com os seus atos, nem prestar contas) e uma pluralidade de escolha, ou seja dentro do rol de possibilidades, você pode ter a pessoa mais bonita, mais legal, mais engraçada, mais rica ou o que quer que te interesse no momento. Contudo o tempo passa e dinheiro, beleza e até humor podem acabar. Ao meu ver, a única coisa que justifica um relacionamento sério é a cumplicidade, ou seja, ter alguém para ser um verdadeiro companheiro e dividir o que for. A igreja já ensina isso, mas ninguém presta atenção: "na riqueza ou na pobreza, na saúde ou na doença". As pessoas confundem com amor incondicional, mas não é exatamente isso. Até porque o amor sozinho não dá conta de segurar um relacionamento.

Contudo, tem muita gente que usa como um apoio, tem gente que usa para preencher um vazio, uma insegurança, uma carência... E aí fica dependente do significado do relacionamento, mas não da pessoa. E aí entra um outro ponto importante num relacionamento: o fator humano.

Acredito piamente que para saber se um relacionamento vai dar certo ou não, é preciso levar em conta um tripé: admiração, respeito e confiança. Os três precisam estar firme e fortes em ambos os lados. Aí já se tem 80% de chance de dar certo e virar uma bela história de amor. Óbvio que há outros fatores, mas considerando que os dois queiram o relacionamento por conta de cumplicidade e mantenham esse tripé intacto, 80% chega a ser uma previsão pessimista.

Admiração é por onde tudo deveria começar, inclusive. É a porta de entrada da paixão (que é um mecanismo muito parecido com uma doença, que baixa a guarda e diminui uma série de defesas e filtros). Enquanto houver admiração mútua, é mais fácil de manter o respeito e a confiança. Afinal, é fácil confiar e respeitar alguém que você admira.

Depois vem a confiança. Confiança de poder pular e saber que a pessoa vai estar lá para segurar. O que não quer dizer - em absoluto - que você possa confiar cegamente na pessoa ou confiar mais nela do que em si próprio. Não. Até porque se alguém fizer isso, vai começar a desequilibrar a admiração que a outra pessoa tem e aí já viu, é uma questão de tempo pra tudo desabar. As pessoas querem outras pessoas para crescerem juntas, não para arrastar nas costas. Frases como "minha vida só tem sentido por sua causa" ou "não sei o que faria da vida sem você" são predatórias. Ninguém em sã consciência deveria confiar 100% da sua felicidade nas mãos de outra pessoa.

Por fim, o respeito. Isso tem muito a ver com um ponto de vista social, mas não só. Respeitar uma pessoa significa dar o embasamento para que ela confie. Por isso todo o tripé está interligado. Atração física e até admiração por outras pessoas todo o mundo sente e vai sentir. Mas entre ter vontade de "ficar" com outra pessoa e ficar "de fato" existe uma barreira. Que é justamente o respeito. A Axe até fez uma campanha sobre isso: http://www.gamekillers.com/.


Foto: http://www.flickr.com/photos/wtkn/232013937/

segunda-feira, janeiro 01, 2007

2007, uma redação de tema livre.


Eu fui um dos privilegiados que foram ao Guarujá no sábado de manhã e voltaram hoje - dia primeiro - pegando menos de uma hora de estrada na ida e na volta. Um pouco de sorte, um pouco de escolhas acertadas. Mas seria ainda mais privilegiado se pudesse ter ido duas semanas antes e voltar daqui a duas semanas. Ou mais privilegiado ainda se tivesse ido pra Côte d'Azur antes de novembro e só voltasse depois do carnaval ou então do Festival de Cannes. Mas, enfim, esse ainda não é o caso.

Começo de ano lembra muitas coisas, entre elas a volta às aulas e a famigerada "redação das férias". Não sei se as escolas continuam com essa metodologia arcaica, mas não me admiraria. Afinal, grande parte das pessoas que eu conheco tende a preferir que lhes seja dada um caminho, um objetivo, um tema.

Nunca entendi o porquê de as pessoas odiarem a "redação de tema livre". E um novo ano não deixa de ser mais um volume de uma coleção que compõe a trajetória da sua vida. São 365 páginas em branco, em que você pode escrever qualquer coisa. Boas ou ruins. É verdade que não depende só de você, há outras pessoas escrevendo junto. Mas a profundidade, a freqüência e intensidade com que elas escrevem quem dita é você.

Tanto que você pode virar um hermitão e ignorar o resto do mundo. Afinal, no fundo no fundo quem manda na sua vida é você. Se outra pessoa mandar é porque você - antes de tudo - deixou.

É justamente por isso que o início de ano (seja no calendário gregoriano ou em qualquer outro à sua escolha) é uma época perfeita para rever conceitos e partir para um novo ciclo. Basta ter objetivos definidos. Por exemplo, apesar de o foco do meu blog não ser sobre taxis, esse não deixa de ser um assunto abordado e, por isso, grande parte dos visitantes casuais caem aqui em busca de como conseguir um alvará. Eu sei como se faz e garanto que não é difícil. Se é esse o seu objetivo, vá atrás.

Até porque se você souber escolher o objetivo isso pode permitir que você passe passar o Réveillon em Côte d'Azur, o que deve ser bastante agradável.

Imagem: msteinas

quinta-feira, novembro 30, 2006

Intradiálogos


A imagem de Rodin, chamada de "O Pensador" (Le Penseur), na verdade não é bem isso. Originalmente, faz parte da obra que ilustra o "Divina Comédia" de Dante e, na verdade, é apenas um poeta que está olhando para o inferno.

Mas ilustra bem outra coisa: o poder das histórias. No caso, as pessoas passaram a contar a história de que era uma pessoa pensando e isso tão marcante que simplesmente alterou a obra.

De qualquer forma, o que eu queria transmitir com a imagem é algo que cabe em ambos: o diálogo que temos com nós mesmos.

Para se convencerem de alguma coisa, as pessoas SE contam histórias.

Nesse sentido, o poder persuaviso das histórias é imbatível, é o recurso máximo de argumentação e persuasão!

Quando alguém fica dúvida sobre qualquer coisa, ela vira o juiz que vai ouvir os argumentos do "anjinho" e do "diabinho" para poder dar o veredito.

Agora, o engraçado é quando mesmo que "um lado vença o debate", o "juiz" ainda pode interferir. Ou seja, mesmo sabendo que seria melhor optar por um caminho, ele escolhe outro. Os motivos podem ser os mais diversos: da preguiça ao medo, mas geralmente o problema seria sair da zona de conforto.

Pra justificar isso, começar as histórias. Exemplos...

"Não dá pra emagrecer trabalhando 15 horas por dia, tendo que ficar comendo porcaria o tempo todo e sentado na frente do computador... Mas isso é temporário. É um investimento que estou fazendo agora pra depois ganhar dinheiro e aí sim cuidar de mim."

"Meu emprego não é aquilo que eu queria. Mas também não tenho outra opção. Tenho filhos, família, cachorro, papagaio, contas, lavanderia, pressão da sociedade, contador, que ajudar o governo...... Vou ficar aqui mais um pouco enquanto procuro algo melhor."

Em suma, histórias são armas. Se não forem bem utilizadas, podem ser usadas contra você. O segredo é saber usar. Olha só:

"Tive uma idéia! Vou fazer como aquele meu amigo que ao invés de enrolar 2 horas de almoço, aproveita pra ir à academia..."

"Eu já fiz isso antes: saí, corri, consegui. Vou me esforçar o dobro, vou atrás do que acredito, vou dar orgulho não só à minha mãe, mas ao lema da cidade de São Paulo!"

Bem melhor, não?

sexta-feira, novembro 24, 2006

Taxista do finde: Milencontros

Coincidentemente, na semana passada eu fui assistir a uma peça em que o personagem principal é um taxista e a trama gira em torno das histórias que acontecem em seu taxi.

Tudo a ver com o que postei blog até agora. Além disso, tem um texto muito bem escrito, a atuação é acompanhada por uma banda ao vivo.

Mas, como não poderia deixar de ser, teve uma história no meio disso: no meio da peça, que acontece no Clube Hebraica, aconteceu a fatídica chuva-furacão aqui em São Paulo.
Árvores caíram, ruas foram alagadas, plantas derrubadas na varanda do flat e a peça teve que ser interrompida.

Estou curioso pra saber o que acontece no final.

Recomendo.





Crédito da imagem: Ferr Leonel

MILENCONTROS
Grupo Gesto
Direção: Leslie Marko
Participação: Banda Stam

A partir de pesquisa do grupo, dramaturgo e diretora elaboram um texto e encenação sensíveis ao redor da temática dos encontros e desencontros entre as pessoas.

Datas: 18, 19, 25 e 26/11
Horários: sábados, às 21h
domingos, às 20h
Local: Teatro Anne Frank

quinta-feira, novembro 16, 2006

O prazer e o poder da leitura

Dizem por aí, os cientistas e estudiosos, que para assimilar uma nova informação, o cérebro precisa entrar em contato 27 vezes com esse dado.

Ao ler um livro, você tem uma imersão que pode ser uma verdadeira aula sobre qualquer assunto. Numa hora você nunca ouviu falar em Robert Langdon e sabe pouco sobre o Vaticano. Doze horas depois você é um expert que poderia dar uma palestra sobre a troca de papas e amigo íntimo de Robert.

O aprendizado é mais rápido e melhor aproveitado quando feito por meio de vínculos e associações. Por isso que cada leitura é um aprendizado, já que entra mos em contato com assuntos que estão circunscritos dentro de um contexto.

Desta forma, além de transmitir sentimentos como humor, superação, força de vontade, emoção, glamour etc., histórias podem:

*gerar conhecimento, fazendo com que os leitores tomem ciência de um determinado assunto.

*estabelecer um valor, já que nada tem valor em si e somos nós que atribuímos valor às coisas de acordo com alguns parâmetros.

*facilitar a "projeção", ou seja, que o leitor se coloque no lugar de um personagem e vivenciar as mesmas experiências que ele.

*explicar didaticamente e na linguagem de qualquer pessoa praticamente qualquer coisa (tanto que a bíblia existe até hoje no mesmo formato)


Não é à-toa, não conseguir parar, uma pessoa que começa a ler um bom livro. O estranho é que são poucas as que iniciam o processo. Como disse Drummond "a leitura é uma fonte inesgotável de prazer, mas por incrível que pareça, a quase totalidade não sente esta sede."


OBS: caso queria saber mais sobre a arte da leitura de obras de ficção, recomendo uma visita ao http://storieswelike.blogspot.com/


imagem: http://www.flickr.com/photos/agnieszka/59504965/