segunda-feira, maio 28, 2007

R$20 bem gastos


Liberdade.

Não o grito, o bairro.

Foi lá que aconteceu.

Cerca de um mês atrás. Um pouco mais, na verdade. Mas, de verdade, Não importa.

Eu estava na festa de uma grande amiga. O carro estava no estacionamento. Custava R$ 10. Na minha carteira, um puto sequer. Eu só tinha cartão e cheque. Lá não aceitava nem um, nem outro. Nenhum.

Calculei o horário. Negociei com o caixa. Passei R$ 13,50 no débito. Paguei os R$ 3,50 da coca e ele me deu uma nota. Não foi fácil. Afinal, que caixa quer ajudar quem consumiu pouco?

Foi tão difícil quanto demorado. O estacionamento fechou. Provavelmente 2AM em ponto. Resultado de 10 minutos de negociação.

O jeito é tomar um taxi. Mais fácil que voltar lá para pegar carona. Os demais carros estavam em outro estacionamento, não precisavam sair cedo. E eu teria que voltar. Se fosse pra enrolar, esperaria abrir de novo. Voltava com o meu. Nah, não valia a pena. Ainda tinha um projeto pra entregar, um prazo pra cumprir, uma apresentação a fazer.

Um ponto de taxi. Três opções de escolha. Naquelas. Tem uma fila, uma ordem.

Então lá fui eu ao primeiro. Entrei. "Pra onde?" "Jardins".

"Não aceitamos cheque" dizia o adesivo. Suponho que cartão, idem. R$ 10 não são suficientes de um ponto a outro. Precisaria do dobro disso.

"Mas antes, temos que passar num posto ou num supermercado 24h..."

"Esquece, pode sair"

"??!?"

"Conheço esse papo. Depois tá fechado ou sem sistema e o problema é meu."

"Então não vai me levar, é isso?"

"Não."

"Mas eu sempre faço isso... Sei onde está aberto e nunca falha..."

"Se quiser, fala isso pros outros dois aí..."

Um diálogo semelhante se repetiu duas vezes.

"Vocês vão se arrepender." Disse como se para ver se algum se arrependia na hora e mudava de idéia. Nada.

Não demorou 20 segundos e passou um taxi de rua. Dei sinal. Entrei. Na frente deles. Ele achou estranho.

"Ué, por que não pegou do ponto?"

"Sabe o que é, vocês não aceitam cheque nem cartão e eu estou sem dinheiro. Preciso sacar. Eles não querem. Eu sempre faço isso..."

"Mas onde você saca normalmente?"

"No posto. José Maria Lisboa com Nove de Julho."

"Tô ligado. Vamos pra lá. Esses caras aí não sabem ganhar dinheiro. Vida de ponto é fácil."

Expressão perfeita. Vida fácil de quem trabalha no ponto. Putos!

A corrida ia dar aquilo mesmo, R$ 20. Saquei R$ 40.

"Brother, por você ter confiado, tá aqui... O dobro!"

"!!?!? Tem certeza??"

"Claro! Você foi legal. Inclusive amanhã passa lá e tira um sarro deles."

"Eu vou é agora! Pega aqui o meu celular e me liga em 15"

"Você falou, eu liguei. E aí?"

"To chegando AGORA! Saca só.....

... EI! Vocês que não levaram o cara agora há pouco?"

vozes de fundo

"Pois não só ele pagou, como pagou o dobro. Aeee, seus trouxas, acabei de tomar R$ 40 de vocês, otários..."

gritos de fundo

motor acelerando

"hehe"

Moral da história: quando prometer que alguém vai se arrepender, cumpra a palavra.

Foto: http://www.flickr.com/photos/manganite/144563774/

Um comentário:

X disse...

Puts, muito boa essa do taxi. Voltar da Liberdade na madruga é difícil mesmo. Soube do seu blog pelo Caldinas, do Bruno. Gostei pq você escreve sobre o que te acontece, mas sem ser diariozinho de adolescente, ou de gente afetada. Dá 1 passada no beu quando puder ( http://jungleman.weblogger.com.br ). Abraço.